Rostos se apagando em minha memória
Rostos que um dia foram meu abrigo,
com traços firmes, hoje se desfazem.
Sumindo aos poucos, sem qualquer perigo,
vazios em mim, jamais voltam e trazem
o calor de um gesto antigo.
Memórias se vão sem pedir licença,
como folhas secas levadas ao chão.
Não deixaram nem sombra, nem presença,
nem ao menos saudade ou emoção —
apenas um eco de indiferença.
Talvez fui esquecido, talvez deixado,
por quem um dia me jurou cuidado.
Hoje me olham como um forasteiro,
sou apenas brisa num mundo inteiro,
um nome perdido e calado.
Já não há lembranças para lembrar,
nem fotografias que guardem ternura.
O tempo apagou sem se importar,
as cores viraram cinza escura
que o coração cansou de pintar.
Sorrisos que antes eram manhã,
hoje são ausências frias demais.
Não há gestos que acalmem, que valham,
não há abraços, nem rostos que falham
em voltar quando a dor se afã.
Se vier alguma lágrima, talvez,
não será de saudade ou de paixão.
Será do vazio que a alma fez,
da dor de um amor sem direção,
daquilo que já não se vê outra vez.
Assim sigo entre sombras e esquecimento,
com passos mudos e olhos fechados.
Cada rosto perdido é um lamento,
um retrato embaçado, abandonado,
no álbum trancado do pensamento.
Arthur Bennett
Enviado por Arthur Bennett em 19/07/2025